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domingo, 1 de junho de 2008

Idiossincrasias Brasileiras I

Idiossincrasias Brasileiras I

- O Idioma Materno -

É muito bom ver a língua portuguesa escrita em alto estilo. Admiro isso!

Por falar em escrever bem, quem está de acordo com as mudanças que teremos na ortografia? O Parlamento Português, último entrave para a unificação de normas do idioma nos países que o falam, já deu parecer positivo. Agora, está nas mãos do Legislativo brasileiro, que já se mostrou favorável à mudança.

Não serão tantas, essas tais mudanças. Nada que não se possa digerir. Inserção de letras anglo-saxônicas que já são utilizadas no Brasil há tempo, modificação da escrita de alguns fonemas etc. A pronúncia, cada país manterá a sua. Dentre as finalidades, a facilitação da vida de quem resolve trabalhar ou estudar em um país estrangeiro de mesmo idioma.

A língua é dinâmica. Cria gírias e regionalismos. Está sempre em mutação. É viva! A Inglaterra não pensou em unificar a formatação do “seu” idioma inglês com o escrito nos EUA. E não é a língua inglesa falada nos EUA a internacional para o comércio? “Tube” continua sendo “metrô” na Inglaterra e “subway” continua sendo metrô nos EUA, bem como “lift” e “elevator”, cada um em seu país, além de inúmeros outros exemplos que poderiam ser citados aqui. Pergunta-se: A Inglaterra não tem sua diplomacia, sua política externa, seu comércio exterior? Americanos não estudam em universidades famosas inglesas e vice-versa? Supõe-se que a Inglaterra não tenha esse tipo de preocupação.

No Brasil, têm-se regionalismos de norte a sul. Com certeza, também em Portugal. Alguém sabe o que significa “entrar no rabo da bicha”? Não se preocupem, nada demais. É a forma utilizada pelos portugueses, em sua dinâmica cultural, para significar o que é entendido aqui por “entrar no fim da fila“.

Sem querer ser xenofóbico, por que adequar o português escrito no Brasil ao de Portugal? O País foi colônia econômica de Portugal. Depois, colônia econômico-cultural dos EUA, o que provocou, no mínimo, uma aculturação, caso não concordem com a transculturação. Agora, será novamente colônia cultural de Portugal?

A língua materna é um dos itens que mantêm o país unido. Já não basta o brasileiro precisar de "visto" dos americanos para transitar na própria Amazônia? O Brasil deveria estar preocupado em manter sua soberania. Sua preocupação deveria se estender à proteção de cidadãos brasileiros expulsos da Europa, principalmente da Espanha e de Portugal, por estarem lá estudando ou trabalhando. Muitas vezes, nem chegam a conseguir entrar nesses países. Por outro lado, aqui os estrangeiros entram e saem ao bel-prazer.

Segundo o Aurélio, soberania é a “propriedade que tem um Estado de ser uma ordem suprema que não deve a sua validade a nenhuma outra ordem superior.” Assim, deixo a seguinte pergunta para reflexão: um país que não tem independência cultural tem soberania?

4 comentários:

Cris_Minas disse...

Sem dúvida um país sem soberania não é nada. Infelizmente nossa sociedade está acostumada a aceitar toda mudança como desenvolvimento. Mas até que ponto essas mudanças trarão de fato uma contribuição para o desenvolvimento cultural de nosso país? A prioridade de nossos governantes deveria ser a saúde, a educação, alimentação e saneamento básico. Porém nada disso tem sido priorizado. Acredito que nosso povo será soberano a medida que todos pensarem juntos soluções PRÁTICAS para o desenvolvimento de nosso país de maneira simples e eficaz.

Repensando Política e Comunicação disse...

Obrigado por seu comentário, Cris.

É verdade. Estamos acostumados a ver mudanças como desenvolvimento, mas nem todas são de fato benéficas ou mesmo eficazes. Creio que isso seja devido à pouca educação instrucional do brasileiro em geral.

A média da população que alcança a educação instrucional fornecida pelo ensino superior é de 0,1% da população. Somos um país cujo analfabetismo funcional graça do extremo norte ao extremo sul. Hoje, sabe-se ler e escrever num percentual maior que antes, mas isso não é suficiente. Somente a cultura pode permitir que as entrelinhas sejam lidas – e lidas de forma apropriada.

O antigo Artigo 99, hoje Supletivo 1º Grau, e o Artigo 91, conhecido hoje como Supletivo 2º Grau, foram cursos criados pelo Governo para que o Brasil saísse do índice de analfabetismo mais baixo entre países de 3º mundo e PARECESSE menos analfabeto. Porém, isso foi só para cumprir exigências do FMI e continuar a fazer jus a rolar dívidas.

Como você bem colocou, a educação é algo fundamental. Sem educação, não há cidadania (conhecimento dos direitos e deveres e atuação do habitante na sua vida diária com base nesse conhecimento).

O nível instrucional dos professores de nível básico é, infelizmente, sofrível. A educação de segundo grau deixa a desejar. A do ensino superior vai pelo mesmo caminho. Instrução não é suficiente. É preciso CULTURA!

Mas como pode um aluno aprender quando o estômago está vazio, quando seu pensamento está voltado para o próximo pão? Outra coisa: uma criança com carência alimentar tem saúde? Pode ela desenvolver seu raciocínio de forma adequada?

Mais uma vez você está certa quando fala em saneamento básico, uma das primeiras formas de se olhar a saúde. Algo imprescindível até mesmo para a dignidade humana.

Abraços.

Gato sem olho disse...

Ah, eu não engulo essa reforma não! Mudanças na língua só quando a palavra se transforma na fala mesmo... unificação da forma como escrevemos, modificações da acentuação que definem tão bem a forma como pronunciamos algo... isso dói!
Eu queria sumir antes de ver tudo sendo escrito errado! Aceitar que não escreverei mais como falo... Como posso? Não saberei mais como as palavras devem ser ditas, no mesmo instante que as leio pela primeira vez.
Isso é uma perda! Isso é o que protesto, que não aceito!
Para quem não gosta de ler e, conseqüentemente, não sabe escrever, isso está muito bom. Mas a acentuação, letras mudas, tudo isso é importante para o entendimento sonoro das palavras. Eu preciso disso! E mais isso querem nos tirar!

Repensando Política e Comunicação disse...

Tem razão, temos nossa própria cultura. Aliás, ela é bastante rica. Nosso idioma é um dos de mais difícil aprendizado no mundo. Temos mais tempos verbais e isso nos permite ser mais detalhistas. Podemos expressar sentimentos, fatos, pensamentos etc de uma forma quase única. Outro idioma rico é o francês. A França é um dos berços da cultura ocidental. Já o idioma inglês é fraco nesse aspecto.

Segundo o Aurélio, uma das acepções do vocábulo “aculturação” é o “processo decorrente do contato mais ou menos direto e contínuo entre dois ou mais grupos sociais, pelo qual cada um desses grupos assimila, adota ou rejeita elementos da cultura do outro, seja de modo recíproco ou unilateral, e podendo implicar, eventualmente, subordinação política.” Volto a perguntar se temos necessidade de mais aculturação. A “transculturação”, ainda segundo o Aurélio, é o “processo de transformação cultural caracterizado pela influência de elementos de outra cultura [...], com a perda ou alteração dos já existentes”. É mais radical, mas já passamos por esse há muito tempo.

Mesmo assim, após tantas misturas desde seu nascedouro, nossa cultura é nossa. Devemos continuar assim, ao saber da vontade alheia? A cultura indígena é preservada; a africana, também. Por que não preservamos também a cultura brasileira?