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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Política Econômica Internacional II

A economia e o padrão de acumulação

Não foi à toa que a Europa criou sua moeda. Um dos objetivos foi a de facilitar as idas e vindas dos europeus, que querem transitar sem dificuldades nos vários países de lá. Independente de ter sido ou não um objetivo, o fato da criação do euro como moeda européia facilitou bastante esse trânsito de viajantes. Mas teria sido somente isso? Até então, o dólar ainda era – continua sendo – a moeda comercial de todos e, além disso, na Europa, cada país tinha sua própria moeda. Porém, teria sido apenas esse o motivo?

O dólar só não despencou de vez no Brasil porque o Banco Central compra essa moeda a cada vez que ela ameaça despencar, para não deixar que ela se desvalorize ao ponto de prejudicar mais ainda os exportadores que tem contratos a médio e longo prazo nessa moeda. Fica sempre no patamar de R$ 1,60, mais ou menos por aí. É uma parte da política econômica do governo. Não quero deixar de lembrar que o padrão ouro de acumulação foi substituído pelo padrão dólar. As reservas eram feitas em ouro, coisa palpável. Hoje, são feitas em dólar, papel que se deteriora de acordo com as políticas interna e externa de cada país, mas principalmente dos EUA.

Quem ainda tem dólar como investimento de longo prazo que se cuide. A tendência é uma desvalorização ainda maior. Está para acontecer um novo crash americano. Quem tem jóias ou ouro mesmo está seguro. Este continua tendo sua valorização. A crise imobiliária nos EUA, país acostumado a ver trabalhadores de classe média com suas casas próprias e dois carros na garagem na época do “welfare state”, está levando a uma inflação que eles desconhecem na mesa, na alimentação e em tudo o mais.

O “estado de bem estar social”, no qual as empresas estatais tinham também a função de proporcionar bem estar aos seus trabalhadores, foi quebrado inicialmente por eles mesmos. Os sindicatos, cada vez mais fortalecidos, faziam mais e mais exigências em prol do trabalhador. Isso onerava sobremaneira as empresas e, num dado momento, buscaram uma saída para o impasse. Como manter os lucros? Talvez, diminuindo o bem estar dos trabalhadores?

A busca de mercados com mão de obra mais barata foi uma saída. E onde está essa mão de obra mais barata? No terceiro mundo, claro! Começou a acontecer a descentralização das empresas norte-americanas. A terceirização ganhou lugar. Fomos assolados com a idéia de que isso beneficiaria o nosso “exército de reserva”. Pode ter sido assim em um primeiro momento, mas a população continua a crescer em todo o globo terrestre. Portanto, continuaremos a ter um exército de reserva.

O “marco zero” é uma idéia de que todos podemos chegar lá, sendo bastante nossa força de vontade e competência. Competência! Aí está o problema. Marco zero significa que todos saímos do mesmo ponto de partida e que tudo depende de cada um. Porém, não é assim que funciona. Não estávamos capacitados para disputar com quem sabia mais do que nós. Não tínhamos e não temos uma política adequada de qualificação de trabalhadores, de preparação de mão de obra para este embate.

Os idealizadores do neoliberalismo adoraram ver o “marco zero” não funcionar nos países de terceiro mundo. Afinal, precisavam deles para “make money”. E só se pode fazer dinheiro em cima de quem não sabe o que acontece depois? Bem, creio que pensaram assim. Como lidando com índios, deram-nos uma Globo e uma cultura de “american dream of living” (sonho de vida americano).

4 comentários:

Bochi Design Industrial&Comunicação disse...

Prezado Marcos. Muito lúcida sua análise do cenário econômico atual e próximo. Certamente será influenciado (ou melhor, determinado pela tsuname americana). O ouro, depois o dolar e proximamente o Euro como moedas mundiais, são conseqüências da dinâmica e força das nações dominantes. Há quem diga que o Iraque foi priorizado no ataque americano, porque liderava uma movimentação no mundo árabe para indexação do petróleo ao Irou. A retaliação dura e imediata (mesmo que por motivos tortos) adiaria o grande impacto na economia norte americana. E quanto ao Brasil? concordo que a educação e a especialização são os caminhos para preparar-nos para novas fases, bem mais competitivas. Ensino real, não a venda disfarçada de diplomas universitários. Há também a necessária elevação da qualificação dos nossos produtos, quer com técnicas mais modernas de produção, estratégias de custos mais competitivas e o design industrial como diferenciação. São caminhos obrigatórios e sem volta. Mas,e o Brasil se afogará neste mar revolto? Acredito enfaticamente na capacidade do Brasil de se adaptar e evoluir. Estamos “em Movimento”, já dizia Levi Saraus, agora a questão é nortear e “orientar este movimento’. Sermos pro - ativos e não reativos. Antecipar os tsunamis. Planejar e nos preparar. Mas justamente ESTE é o nosso OURO. Nossa capacidade criativa e de adaptação. Certamente venceremos. Uma abraço a todos!

[~eu&vc~] disse...

Gostamos muito da tua abrangente visão social.Assim, se constrói a democracia.

Repensando Política e Comunicação disse...

Obrigado por seu comentário, Bochi.

Repensando Política e Comunicação disse...

Obrigado por seu comentário, "só eu&você".